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Como um passe de mágica

Andressa Villagra
11/08/2016

No dia 6 de novembro de 2014 uma mágica era feita. Em São Paulo, Lucas Daniel, com apenas dois aninhos de idade na época, recebia a doação do mágico Andy Peters, de 33 anos, de Nova Iorque, EUA. Há mais de um mês Lucas fazia o preparo para o transplante, com medicações e quimioterapia. Alguns dias antes Andy encaminhou-se para o hospital para fazer a coleta de células-tronco de sangue periférico por meio de aférese, ele não podia deixar de registrar a magia mais poderosa que poderia fazer: gravou o procedimento e uma mensagem para o, até então desconhecido, paciente. Depois de um ano e meio, Lucas pode assistir o vídeo (clique para ver o vídeo) de seu doador e Andy pode saber a quem tinha salvado a vida.

Hoje, Lucas, agora com quatro anos, leva uma vida comum, como qualquer criança de sua idade. Voltou a frequentar a escola, come tudo que quiser (principalmente mexerica, sua fruta predileta), aguarda o novo irmãozinho ansiosamente. Mas a emoção no rosto da mãe, Vanessa, toda vez que relembra o passado, não esconde o grande drama que a família viveu até encontrar Andy.

Hoje, com quatro anos, Lucas e seus pais

Hoje, com quatro anos, Lucas e seus pais

Em 2014, Lucas foi diagnosticado com Leucemia Mielomonocítica Juvenil (LMMJ), uma doença rara que só atinge crianças. Depois de algumas visitas a médicos, ocasionadas inicialmente por preocupações com as constantes febres que o menino tinha, a família teve a confirmação do diagnóstico e o único tratamento possível era o transplante de medula óssea. Vanessa sentiu-se caindo em um abismo quando recebeu a notícia. “Pra gente foi muito difícil, porque eu já tinha perdido minha avó com leucemia há pouco mais de um ano”. Lucas era o único filho do casal e o único neto da família do pai, isso deixou a família toda ainda mais abalada.

“No entanto, o abismo durou pouco. No outro dia já acordamos pensando no tratamento.” Como a doença era rara, não respondia à quimioterapia convencional, por isso o transplante era a opção mais eficaz. Passaram, a procurar no REDOME (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea). Mais um choque: ninguém no Brasil era compatível com Lucas.
Os médicos de Lucas começaram a procurar em bancos internacionais. Após apenas uma semana encontraram um possível doador: Andy Peters. Em Nova Iorque, Andy foi fazer os exames confirmatórios. O mágico americano era 10/10 (termo usado para doadores 100% compatível). No final de agosto de 2014, Vanessa recebeu a notícia: “Foi a maior alegria da nossa vida!”. 13 dias após o transplante ocorreu a “pega” da medula (quando as células doadas começam a produzir sangue). “Foi tudo maravilhoso”, lembra alegremente Vanessa.

Lucas durante o tratamento

Lucas durante o tratamento

Um ano e meio depois desse dia 6 de novembro, Andy e Lucas podiam pedir a quebra do sigilo para se conhecerem. Na mesma semana, o mágico e a mãe requisitaram o contato. A partir de então, ambos puderam trocar e-mails com informações sobre si. Vanessa enviou fotos de Lucas e contou sobre a história do garotinho. Foi nesse momento que Andy respondeu enviando o vídeo que havia feito no dia da doação. “Ficamos super emocionados (sic), porque além de ter doado a medula, ele ainda acreditou que aquilo realmente daria certo” Vanessa comenta a emoção em ver o vídeo gravado por Andy.

Hoje, a família de Lucas e Andy trocam mensagens frequentemente. Vanessa gravou uma mensagem de Lucas em inglês e Andy agradeceu enviando outro vídeo falando português. “Ele é uma pessoa muito atenciosa, ele realmente se importa” elogia Vanessa. Andy faz shows de mágicas em Nova York e em um de seus truques conta a maior mágica que realizou na vida: salvar a vida de Lucas.