A jornada de Kethelly e o crochê.

Diagnosticado com Leucemia Linfóide Aguda (LLA) aos 21 anos, Nicholas enfrentou diversos desafios e superou a doença
1 de outubro de 2024

A jornada de Kethelly e o crochê.

Aos 15 anos, Kethelly teve sua vida virada de cabeça para baixo ao descobrir que estava com Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA). “Foi muito difícil, para quem não seria, né? Principalmente tão nova, estava prestes a terminar a escola”.

A descoberta veio após sentir fortes dores nas pernas e identificar caroços em várias partes do corpo. Ao procurar um hematologista, foi constatada a gravidade da situação: o câncer já havia se espalhado, com mais caroços pelo corpo do que ela imaginava. Para sua família, o impacto também foi imenso. “Foi difícil para todos nós”, comenta Kethelly.
A leucemia foi tratada inicialmente com quimioterapia, mas só a quimioterapia não seria suficiente para a cura. Os médicos da Santa Casa, onde ela estava fazendo o tratamento, indicaram o transplante de medula óssea, mas para realizá-lo seria necessário um doador. Ela não tinha doadores totalmente compatíveis na família, só a mãe, que era 50% idêntica.

Por meio de um programa de financiamento do governo (PROADI) , realizou o transplante de medula óssea no Hospital Albert Einstein. Ela recebeu a doação de uma mulher 100% compatível encontrada por meio do REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). Inicialmente, a equipe médica sugeriu testar a mãe de Kethelly como possível doadora, mas decidiram aguardar uma compatibilidade total, que felizmente foi encontrada rapidamente.

A fase de tratamento ocorreu em meio à pandemia de COVID-19, o que tornou a jornada ainda mais desafiadora. “Eu tinha que ir de Jandira até a Santa Casa e não podia pegar trem ou ônibus, por causa da COVID e de qualquer outra doença. Minha imunidade estava muito baixa por causa da quimioterapia”, relata Kethelly. Para se proteger, ela precisava fazer o trajeto de Uber todos os dias, o que, além de ser extremamente cansativo, pesava no orçamento familiar.

Durante o tratamento, Kethelly encontrou uma válvula de escape no crochê. “Eu queria aprender algo diferente”, conta ela. Com a ajuda de vídeos do YouTube, começou a criar acessórios de cabelo e chaveiros, inicialmente para ela e sua irmã. Após o término do tratamento, decidiu transformar o hobby em uma fonte de renda extra, vendendo suas peças pelo Instagram. Hoje, ela faz não apenas acessórios, mas também bichinhos de pelúcia de crochê (amigurumi), encantando crianças e adultos.

Atualmente com 19 anos, Kethelly passa por consultas de rotina, já que enfrentou complicações após o transplante, mas garante que tudo está sob controle. Sem entrar em detalhes sobre essas complicações, sua mensagem é clara: a vida seguiu, e ela a preenche com criatividade e esperança, deixando para trás os dias mais difíceis.

O crochê, além de uma fonte de renda, tornou-se uma forma de expressão e uma maneira de enfrentar os desafios com leveza.