Ser diagnosticado com qualquer doença em qualquer idade é extremamente assustador. Imagine então ser diagnosticado aos 14 anos com câncer. Daniela de Oliveira Leite, nascida em Araripina, Pernambuco, atualmente com 27 anos e residindo em São Paulo há mais de uma década, passou por essa experiência. Aos 14 anos, foi diagnosticada com Linfoma de Burkitt na Santa Casa de São Paulo.
Sua suspeita de que não estava bem de saúde começou quando sua barriga começou a inchar muito de uma hora para a outra, parecia que estava grávida. Depois de notar esse inchaço, foi para o hospital, mas nenhum médico conseguiu diagnosticá-la, mesmo passando por diversos serviços. Até que foi atendida na Santa Casa de São Paulo e encontraram duas “ massas”, que eram decorrentes do Linfoma de Burkitt, que provoca grandes inchaços pelo corpo de um dia para o outro. Este linfoma pode ser diagnosticado em crianças e adultos. Daniela precisaria de cirurgia e fazer sessões de quimio. O linfoma de Burkitt é um tumor que dobra de tamanho rapidamente, tem início em geral nos linfonodos, mas com frequência se espalha, em direção à medula óssea, ao sangue e ao sistema nervoso central.
O diagnóstico afetou muito Daniela, aos 14 anos entendeu que poderia morrer muito antes do esperado, seu futuro mudou em questão de segundos. Ela conta que uma das partes que mais a afetou, foi o medo da queda de cabelo. Daniela era uma adolescente muito vaidosa e amava cuidar do cabelo. Saber que poderia perdê-lo, foi um choque.
O apoio familiar nestes momentos tão difíceis, é crucial e Daniela conta que teve muito disso. Sua mãe foi sua maior apoiadora e incentivadora durante esse longo e difícil processo, e até hoje permanece junto, mesmo à distância. Ela conta que sempre que precisa, sua mãe pega o primeiro voo e vem para cuidar dela e ajudá-la. Durante o tratamento, sua mãe não saiu de seu lado e não a deixou na mão, oferecendo amor e carinho.
Hoje em dia, Daniela está muito bem, apenas faz acompanhamento de ano em ano, fazendo exames e também se cuidando e mantendo uma rotina saudável. Ela recebeu quimioterapia e também fez o transplante autólogo de medula óssea, que é quando as células-tronco da medula óssea são coletadas do próprio paciente e usadas para o transplante. Após altas doses de quimioterapia, a medula doente é eliminada e essas células são reintroduzidas no paciente para ajudar na recuperação da medula óssea danificada. De acordo com ela, foi uma longa recuperação, mas deu tudo certo.
Nem toda a história tem um final feliz, mas a de Daniela sim. Depois de passar por todas as sessões de quimio e todo o processo de recuperação, foi dito a ela que não poderia ter filhos no futuro, que ela estaria infertil, mas Daniela está grávida do seu segundo filho. O mais velho tem 3 anos e está grávida de 8 meses do segundo, uma alegria enorme. Daniela é casada com o pai dos dois filhos, e está muito feliz. Ela conta que ele é uma pessoa que a apoia em tudo, cuida dela, e que não tem do que reclamar.
Daniela nunca perdeu a fé que se recuperaria, sempre manteve a cabeça em pé e soube que passaria por isso de cabeça erguida e sem medo. Durante a entrevista, pudemos ver o quanto ela é forte e como ela venceu esta batalha.