Com apenas 2 anos de idade, Lucca di Natale foi diagnosticado com a Síndrome LIG4, uma condição genética rara causada por mutações no gene LIG4. Esse gene desempenha um papel crucial na produção de uma enzima essencial para a reparação do DNA, particularmente no processo de “junção de extremidades não homólogas” (NHEJ), que corrige quebras duplas na fita de DNA. O diagnóstico foi estabelecido após uma série de exames e visitas ao hospital. Durante a pandemia, Lucca enfrentou sua primeira internação devido a uma infecção.
Ao longo de seu tratamento, Lucca necessitou de diversas transfusões de sangue, até que foi indicado o transplante de medula óssea. Cristina, sua mãe, considerou a possibilidade de ter outro filho, pois a doação de medula de um irmão teria maior chance de compatibilidade. No entanto, nesse período, Cristina recebeu um diagnóstico de câncer de mama. Apesar de iniciar o tratamento contra o câncer com esperanças de recuperar-se a tempo para doar a medula ao filho, a condição de Lucca piorou rapidamente. O transplante precisou ser acelerado, e a medula veio da Itália. Embora a compatibilidade não fosse ideal, essa foi a única opção viável naquele momento.
Infelizmente, Lucca faleceu em junho deste ano, aos 5 anos, no Hospital 9 de Julho. Cristina relembra o filho com muito carinho e amor: “Ele era um menino muito amado. Os médicos do hospital ficaram super apegados a ele. Ele sempre foi muito carinhoso, todos o amavam”. Sobre o impacto do diagnóstico e do tratamento, Cristina desabafa: “Minha família ficou muito apreensiva com o diagnóstico, porque era algo raro, mas tínhamos muita fé que daria tudo certo”. Sobre a perda, ela afirma: “A perda de um filho não tem como superar. Você vai convivendo com a dor num cantinho, pensando sempre no seu filho que partiu”.
Após a partida de Lucca, Cristina buscou formas de lidar com a dor e encontrou no trabalho voluntário uma maneira de transformar seu sofrimento em amor. Durante suas pesquisas sobre tratamento e transplantes, Cristina conheceu a AMEO (Associação de Medula Óssea) e, pouco tempo depois, fez uma grande doação de brinquedos para a instituição. As crianças atendidas pela instituição adoraram os brinquedos e se divertiram muito.
A partir desse gesto, Cristina se tornou voluntária da AMEO e passou a colaborar em diversas ações, incluindo a organização da festa de Natal. Ela descreve esse evento como um dia especial: “Foi um dia muito feliz. Eu pude trocar experiências com outras pessoas”. Durante o show de mágica da festa, ela pensou em Lucca: “Ficava vendo o show de mágica e pensava que o Lucca adoraria estar ali, mas agradecia a ele por ter me levado até a AMEO, fazendo uma boa ação”.
Hoje, Cristina ajuda digitando notas fiscais e participando de ações promovidas pela AMEO. Para ela, o trabalho voluntário é uma forma de renascer: “Nossa, é um prazer imenso. Parece que estou descobrindo uma outra parte da vida. Para mim, ser voluntária é isso: é ver outras pessoas aproveitando a vida, vendo pessoas que passaram por isso e sobreviveram, e saber que posso ajudar de alguma forma. Ser voluntária é renascer”.