Por: Flávia Fabreti
Júlia Santos Pereira, de 28 anos, recentemente completou um ano de seu transplante de medula óssea. Diagnosticada com Leucemia Mieloide Aguda (LMA) em 2020, ela enfrentou inúmeros desafios, mas nunca perdeu a esperança e a determinação.
Em abril de 2024, Júlia comemorou esse marco com uma grande festa. “Eu sempre disse que, se chegasse à marca de um ano de transplante, eu iria comemorar. Quando alcancei essa marca, falei para minha mãe que tínhamos que fazer uma festa. Minha família, que é muito grande, me apoiou muito, assim como meus amigos. Todos vieram, e foi a melhor festa”.
Durante a conversa, ela refletiu sobre o sentimento de realizar o transplante e o que sentia antes: “Me senti realizada, porque durante o tratamento, muitas vezes pensamos que não vamos conseguir, especialmente o transplante, que é difícil de alcançar. Eu chamava o transplante de ‘chefão’, porque era o que eu mais temia. Ter conseguido passar por tudo e comemorar um ano é muito bom.”
Sobre as emoções envolvidas, Júlia relata: “São muitas emoções misturadas. Senti muita alegria por ter vencido mais essa fase, mas também fiquei pensativa sobre as pessoas que não conseguiram. Isso me deixou triste. Nem consigo explicar exatamente o que senti.”
Antes e depois do transplante, a jovem enfrentou muita ansiedade: “Me sentia como o bichinho do Divertidamente,” brinca ela. “A terapia tem me ajudado muito; estou mais calma agora, mas ainda penso bastante no futuro. Pego pensando: ‘Meu Deus, o que vai acontecer mês que vem, amanhã?'”
A maior lição que ela aprendeu durante o tratamento foi dar mais valor às coisas simples. “Aprendi a valorizar mais a comida, o arroz, feijão e ovo, o meu chuveiro. E, claro, dar valor às pessoas ao meu redor e a cada momento.”
Júlia destaca a importância do apoio da mãe, que foi sua maior força durante todo o tratamento. “Minha mãe esteve ao meu lado em tudo, em todas as consultas, dormia no sofá do hospital. A única vez que ficamos separadas foi quando fui internada logo após o diagnóstico, devido ao risco de COVID. Foi muito difícil essa separação; sempre fomos muito grudadas.” Quando foi diagnosticada, ela precisou passar quatro dias na UTI, e esse foi o único momento em que ficou separada de sua mãe.
Além do apoio da mãe e da família, Júlia também contou com o apoio dos amigos. Ela fez diversas sessões de terapia, o que foi essencial para sua recuperação e para poder se planejar para o futuro, incluindo a possibilidade de estudar novamente.
A ex paciente tem algumas preocupações: “Estou um pouco perdida, faz cinco anos que não trabalho nem estudo. Estou pensando bastante na terapia sobre o que fazer. Talvez volte a estudar, fazer um curso online. Ainda estou decidindo.”
A história de Júlia é um testemunho poderoso de resiliência e esperança. Sua jornada nos lembra da importância do apoio familiar, da terapia e de valorizar as pequenas coisas da vida.