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Nova terapia celular dá esperança para pacientes que lutam contra câncer no sangue

Imagem ilustrativa sobre o CART-Cell. Getty Images

O CART-Cell, uma nova terapia menos agressiva e mais específica para o tratamento de algumas doenças, tem deixado médicos e pacientes empolgados. Apesar da terapia estar em fase inicial de pesquisas no Brasil, alguns produtos já estão sendo comercializados fora do Brasil e apresentado ótimos resultados. Trata-se de um tratamento com células T modificadas, continue lendo para entender melhor como ele funciona.

Imagem ilustrativa sobre o CART-Cell. Getty Images

Nosso sistema de defesa é composto por glóbulos brancos, um desses glóbulos é o linfócito T que reconhece e elimina as células tumorais, agindo como um controle de doenças. A terapia do CART-Cell serve para melhorar a ação do Linfócito T e estimular o sistema imune do paciente. A nova terapia leva o linfócito T, coletado do paciente, até o laboratório para fazer uma modificação que inclui características para ajudar o linfócito T a reconhecer melhor o tumor específico do paciente.
Essas células de defesa modificadas são multiplicadas no laboratório e infundidas novamente no paciente. Assim, os linfócitos T ficam com um poder aumentado de reconhecimento e um poder de ataque maior para eliminar apenas as células do tumor específico do paciente. Diferente de outros tratamentos que atacam todas as células do corpo para atingir também as células tumorais, deixando o paciente debilitado.

A terapia tem apresentado os melhores resultados em Leucemias Linfoide Aguda (LLA), Linfomas e Mielomas. No começo das pesquisas, a terapia era direcionada para pacientes que já havia tentado todos os outros tipos de tratamento. Hoje já é possível estender a terapia para pacientes de 3ª linha, ou seja, que tenham tentado apenas outros dois métodos. No Brasil, até o momento, há apenas um produto comercial aprovado e liberado para uso, além de mais dois produtos aprovados e em fase de precificação.

Assim como outros tratamentos, o CART-Cell pode ter alguns efeitos colaterais. Os principais deles, e os mais perigosos, são a Síndrome de Liberação de citocinas, problemas neurológicos e aplasia de linfócito B. No entanto, a medicina já tem maneiras de lidar com esses efeitos com medicações avançadas que tornam a terapia celular ainda mais atrativa.

Uma iniciativa muito promissora é o desenvolvimento do produto acadêmico, por centros de pesquisas e universidades brasileiras, desses podemos destacar as pesquisas que estão sendo feitas pela Universidade de São Paulo e parceiros e pela Universidade Federal do Ceará. Segundo a Dra Andreza Feitosa, médica do Hospital Israelita Albert Einstein e da Rede Dor, especialista da área, a maior limitação que existe hoje no Brasil é a obtenção dos vetores (vírus modificado) e o alto custo dos produtos comerciais. Atualmente, fora do país, o produto comercial aprovado custa em média 400 mil dólares, ou seja, 2 milhões de reais, fora todos os gastos médicos e hospitalares. A Dra. Andreza acredita que serão os produtos acadêmicos que um dia chegarão para atender os pacientes do Sistema Público de Saúde (SUS) no Brasil.

Dra. Andreza Feitosa, médica especialista na nova terapia celular.

As pesquisas nacionais têm focado justamente em novas técnicas para superar as limitações e criar um CART-Cell mais barato e eficaz para os pacientes brasileiros. “Estamos vivendo um momento muito inicial e com possibilidades muito amplas, diz a doutora. Não acredito que o que vai permanecer sejam esses produtos, ainda devemos ter muitas melhorias. Assim como há 40 anos o transplante de medula precisou evoluir, essa terapia ainda tem muita coisa para evoluir”, ressalta ela.

Texto por: Andressa Villagra