40% dos doadores convocados pelo Hemocentro da Santa Casa para exames confirmatórios desistem da doação ou não são encontrados

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40% dos doadores convocados pelo Hemocentro da Santa Casa para exames confirmatórios desistem da doação ou não são encontrados

Em 2016 o Hemocentro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo convocou 351 possíveis doadores de medula óssea cadastrados para exames que confirmariam a compatibilidade e 139 não compareceram, segundo dados da instituição. O exame é a terceira fase do processo de doação e o número de pessoas que não compareceu representa cerca de 40% de cadastrados que desistiram de doar.

Segundo a responsável pela convocação de doadores para exame confirmatório do Hemocentro da Santa Casa, Josi Cassavara Albuquerque, as causas para desistência são muitas. “Muitos doadores sequer são encontrados, outros desistem quando contatados e outros ainda simplesmente não aparecem para fazer o exame”, afirma a biomédica de 36 anos.

Josi Cassavara Albuquerque trabalhando no Hemocentro da Santa Casa

“A localização é feita por telefone, e-mail, qualquer dado que existir, até mesmo buscar no Google, quando não temos nenhum dado atualizado dele (doador). Mandamos cartas. Às vezes dá certo, outras não”, conta Josi.  Ela ressalta ainda que o maior problema é a falta de informações de contato atualizadas. “Isso é muito importante: a atualização do cadastro. Doadores ficam 10 anos ou mais no cadastro e não atualizam, aí é quase impossível localizar”, conclui.

De acordo com Evelyn Guerra, também biomédica do Laboratório de HLA do Hemocentro da Santa Casa, um dos motivos para a desistência é a leviandade de alguns doadores que se cadastram sem saber a grande responsabilidade com que estão arcando a partir daquele ato. “Algumas pessoas se cadastram na euforia do momento. Sem responsabilidade. Quando precisamos dessa pessoa, muitas vezes ela desiste”, pontua ela.

Amostras de possíveis doadores de medula óssea

Para a hematologista, Dra. Adriana Seber, perder um doador nesse estágio do processo é “uma catástrofe”. Ela ressalta o lado do paciente que está aguardando pelo doador. “O paciente está pertinho de conseguir o tão esperado doador. Se este desiste atrasa todo o processo. Algumas vezes, o paciente só encontra um único doador compatível, se esse único doador desiste, todo o transplante é inviabilizado. E até encontrar outra pessoa compatível, o receptor pode não conseguir esperar e acabar falecendo” conclui a presidente da AMEO.

Texto e fotos: Andressa Villagra