Entre os dias 1 e 3 de junho, a AMEO promoveu a última ação do Projeto Capacitar Para Curar. O evento recebeu profissionais de Casas de Apoio e Centros de Transplante de Medula Óssea para debater e compartilhar o conteúdo produzido.
O Projeto Capacitar Para Curar é vinculado ao PRONON (Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica) e supervisionado pelo Ministério da Saúde. Para sua realização, contamos com a contribuição financeira, por meio de incentivo fiscal, do Banco Itaú e da Central Nacional UNIMED. Após 18 meses de execução, foram produzidos três manuais intitulados “Guia de Orientações para o Transplante de Medula Óssea”: pré-transplante, intra- transplante e pós-transplante, um artigo científico, vídeos explicativos e um aplicativo para celular.
A ideia do projeto surgiu da percepção de que existe pouco material específico para o paciente do transplante de medula óssea e de que, em decorrência do tratamento, os pacientes tem um período considerável de estadia em Casas de Apoio. Nesse sentido, a estratégia escolhida foi a de desenvolver material com linguagem adequada, em diferentes formatos, baseado em evidências científicas, que aliado ao treinamento dedicado aos profissionais das Casas, podem abrir espaços para a educação do paciente durante o período de hospedagem, esclarecendo suas dúvidas, aumentando a adesão ao tratamento e aos cuidados pessoais tão importantes nesse período.
Todos os pacientes com indicação para transplante de medula óssea podem solicitar seu kit impresso. No entanto, qualquer pessoa que se interesse pelo assunto pode baixar e ter acesso ao conteúdo, eles estão disponíveis no site e também no aplicativo Guia do TMO (para Android e iOS).
Seguindo o roteiro inicial, a última ação do projeto foi a de compartilhar e discutir todo o material elaborado com profissionais que lidam diretamente ou indiretamente com os pacientes. A capacitação contou com a presença de 40 participantes de Casas de Apoio e Centros de Transplantes do Estado de São Paulo. O evento aconteceu em um hotel na cidade de Atibaia, teve a presença de profissionais como enfermeiras, fisioterapeuta, ginecologista, nutricionista, psicólogas, hematologistas, dentista, encarregada de dados e assistentes sociais.
Assim que os participantes chegaram ao hotel já receberam um kit com os manuais, bloco de anotações e canetas. A abertura foi feita pela fundadora da AMEO, Dra. Carmen Vergueiro. Ela explicou sobre o projeto, contou um pouco sobre a história da Associação e apresentou cada um da equipe que fez o projeto tornar-se realidade. As palavras que mais emocionaram foram as da Wendy Nascimento, funcionária da AMEO e paciente transplantada. A partir da própria história, ela pode mostrar a importância dos manuais, pois quando estava em tratamento nunca teve acesso amplo sobre aspectos do pré, intra e pós transplante de medula óssea.
As duas primeiras palestras foram apresentadas pela Diretora-Presidente da AMEO, Dra. Adriana Seber, onco-hematologista pediátrica. “O que é o Transplante de Medula Óssea? Efeitos Colaterais da Quimioterapia” pareceu complexa no começo, mas tornou-se fácil com as palavras repletas de conhecimento e coloquialismo. Depois veio “Doença do Enxerto contra o Hospedeiro – DECH” que ensinou sobre os alertas que devem ser considerados pelos profissionais para começar o tratamento contra o DECH rápida e certeiramente.
No final do dia, os participantes foram convidados a assistirem ao filme “Já Estou com Saudades” com direito a pipoca e poltronas de cinema. O longa-metragem conta a história da amizade de duas amigas que é abalada com a aparição de um câncer de mama. Apesar de não se tratar de doença do sangue, várias cenas ilustram momentos comuns a qualquer pessoa que passa por tratamentos quimioterápicos.
No dia seguinte, na roda de conversa, guiada pela psicóloga do projeto Andréa da Silva, dialogou sobre as situações marcantes do filme. A psicóloga aproveitou o debate para iniciar sua palestra “Tenho Indicação para o Transplante: e agora?”. A palestra seguinte “Direitos do Paciente com Câncer: Desafios e Possibilidades” serviu para a assistente social da Casa de Apoio da AMEO, Maria Lucimar, esclarecer dúvidas sobre programas, projetos e leis que beneficiam pacientes com câncer.
Após o coffee break a enfermeira de TMO do Hospital Samaritano e colaboradora do projeto, Juliana Marques, falou sobre “Cuidados com Higiene Pessoal e Residencial” e explicou como é essencial para a saúde de pacientes imunossuprimidos as precauções serem extremamente rígidas e meticulosas. Depois foi a vez da cirurgiã-dentista especializada em TMO do Centro de Hematologia e Hemoterapia da Universidade de Campinas, Dra. Elvira Correa. Ela explicou quais são os problemas que podem aparecer em pacientes transplantados e quais as maneiras e recursos para tentar resolvê-los.
Após o almoço delicioso, foi hora de discutir alimentação com a nutricionista e colaboradora do projeto, Sharon Halaban. Ela explicou como manter e recuperar o estado nutricional do paciente, como evitar a desnutrição e a caquexia, como estabelecer e implementar uma dieta neutropênica e como manejar alimentos e utensílios de cozinha. No último ela contou com a performance da Dra. Cacau, uma clown feita por Claudia Izlaji, e juntas prepararam uma apresentação demonstrando os principais erros que são cometidos na preparação da comida.
A psicóloga Andréa se apresentou mais uma vez discorrendo sobre “O Papel do Cuidador e a Importância do Cuidar”. Ela atentou os participantes a enxergarem o cuidador com outros olhos, explicou a imprtância de dar voz ao cuidador e, por vezes, descarregá-lo do peso que recai sobre eles, não apenas sobre o paciente. Antes do jantar, a Dra. Adriana Seber foi à frente da roda de conversa dialogar sobre “Os Mitos e Verdades do Transplante de Medula Óssea” e desvendou dúvidas frequentes que os profissionais de TMO podiam ter. A didática e experiência fizeram diferença na hora de explicar assuntos delicados.
No último dia de evento, a fisioterapeuta convidada, Karla Ribeiro, do TMO do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto falou sobre “Exercício Físico e Independência nas Atividades de Vida Diária em Pacientes Pós Transplante de Medula Óssea: Quando Estimular?”. Ela enfatizou a magnitude que o exercício físico, principalmente os mais simples, pode resultar na saúde do paciente, mas que é primordial sempre respeitar os sintomas e o estado do paciente antes de introduzir movimentos.
A última palestra, para fechar com chave de ouro, foi sobre o “Impacto do Transplante de Medula Óssea na Vida Reprodutiva e Sexual das Mulheres” com a Dra. Lenira Mauad, médica ginecologista oncológica do Hospital Amaral Carvalho. Era uma das palestras mais aguardadas, pois muitas pessoas tinham diversas dúvidas com relação à sexualidade. Ela explicou sobre a ação dos quimioterápicos no aparelho reprodutor, infertilidade, sequelas e atrofias, autoestima feminina, medidas preventivas para o cuidado da mulher, terapias hormonais e DECH.
Para encerrar a equipe do projeto proporcionou uma roda de conversa para esclarecer dúvidas, destacar para os participantes o uso dos manuais como estratégia de capacitação e a imprescindibilidade de compartilhá-los para que a informação chegue a mais pessoas possíveis, pois a AMEO acredita que o conhecimento é a melhor maneira de combater doenças!
Texto e fotos: Andressa Villagra