31 de outubro de 2018
Pessoas que comem mais alimentos orgânicos podem ter uma probabilidade menor de desenvolver certos tipos de câncer, de acordo com os resultados de um grande estudo observacional de base populacional publicado em 22 de outubro de 2018 na publicação online JAMA Internal Medicine pelas pesquisadoras Julia Baudry, Karen E. Assmann e Mathilde Touvier.
O estudo que acompanhou um grupo de pessoas de maio de 2009 até novembro de 2016 mostrou que o grupo que ingeriu mais alimentos orgânicos foi 25% menos propenso a desenvolver câncer. Em números absolutos, isso se traduz em um risco de câncer de 0,6% menor de desenvolver alguns tipos de câncer.
“É preciso ter em mente que uma dieta nutricionalmente saudável em geral (rica em frutas e vegetais etc.), qualquer que seja o sistema de cultivo (orgânico ou não), assim como a atividade física são fatores importantes comprovados de proteção contra certos tipos de câncer e outras doenças”, disse Julia Baudry, do Instituto Francês de Pesquisa Médica e Saúde INSERM em Paris.
“Promover o consumo de alimentos orgânicos na população em geral poderia ser uma estratégia preventiva promissora contra o câncer”, concluíram os autores, liderados por Julia Baudry, PhD, do Centro de Pesquisa em Epidemiologia e Estatística da Sorbonne Paris Cité. Os resultados desse estudo ainda precisam ser confirmados. No entanto, os dados observados demonstram correlação, não causalidade.
Os investigadores franceses levantaram a hipótese de que consumir altos níveis de alimentos orgânicos pode estar associado a um menor risco de câncer, devido à exposição reduzida a resíduos de pesticidas possivelmente carcinogênicos. Diante disso, eles inscreveram 68.946 participantes no estudo NutriNet-Santé on-line que completaram questionários baseados nas próprias dietas ao longo de três períodos de 24 horas. Os participantes do estudo eram em sua maioria do sexo feminino (78%); a idade média foi de 44 anos.
Eles focaram em 16 tipos de produtos orgânicos: frutas; legumes; laticínios; ovos; grãos e leguminosas; pão e cereais; farinha; produtos à base de soja; carne e peixe; óleos e condimentos vegetais; refeições prontas para consumo; café e chá; vinho; biscoitos, chocolates e outros doces; outras comidas; e suplementos dietéticos.
Os pesquisadores deram aos participantes pontuações que variavam de um mínimo de 0, para nenhum consumo de alimentos orgânicos, a 32 para o maior consumo. No grupo com menor consumo de alimentos orgânicos, a pontuação média foi de 0,72, contra 19,4 no grupo com maior consumo.
No geral, em uma média de 4,5 anos após a conclusão das pesquisas, 1340 casos de câncer incidentes foram identificados. Os mais comuns foram câncer de mama (34,3%), câncer de próstata (13,4%), câncer de pele (melanoma e carcinoma espinocelular; 10,1%), câncer colorretal (7,4%), linfoma não-Hodgkin (3,5%) e outros linfomas (1,1%).
Os participantes com a maior frequência de ingestão de alimentos orgânicos tiveram um risco relativo 25% menor para o diagnóstico de câncer durante o acompanhamento em comparação com aqueles com menor frequência.
Notavelmente, a equipe francesa também relatou que a associação inversa entre o consumo de alimentos orgânicos e o risco de câncer foi limitada a dois tipos de câncer: câncer de mama pós-menopausa e linfomas.
Confira o artigo científico aqui: https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/article-abstract/2707948?resultClick=3
Fonte: https://www.medscape.com/viewarticle/903742
Texto por Andressa Villagra e imagens: Pixabay