15 de setembro de 2021
Por: Andressa Villagra
Há 7 anos, o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea (World Marrow Donor Day), conhecido como WMDD, é celebrado no terceiro sábado de setembro que, neste ano, será no dia 18 de setembro. A data foi criada pela Associação Mundial de Doadores de Medula (World Marrow Donor Association – WMDA), uma organização global de registros de células-tronco do sangue, medula e sangue do cordão umbilical. A WMDA reúne organizações que representam mais de 39 milhões de doadores de medula em 55 países diferentes, entre eles o Brasil, por meio do REDOME (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea). O objetivo principal da comemoração é agradecer a todos os doadores e destacar a cooperação global pelo TMO.
Somente no Brasil são mais de 5 milhões de pessoas cadastradas como possíveis doadores de medula óssea. O registro brasileiro é o terceiro maior do mundo, atrás apenas dos registros americano e alemão, mas o único entre o três totalmente público. Essas pessoas separaram um dia para colher uma pequena amostra de sangue e estarem disponíveis para salvar a vida de algum paciente. Uma delas é a Joseli Évelin Guia Halmenschlager, 44 anos, servidora pública do Estado do Mato Grosso do Sul.
A história dela como doadora começou em 2012 quando realizou o cadastro no HEMOSUL em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. Motivada pelo marido Paulo Roberto Halmenschlager a fazer uma doação de sangue, o peso a impediu de realizar o procedimento, e então uma técnica de enfermagem a incentivou a colher uma amostra de sangue para o cadastro como potencial doadora de medula óssea. Ela reconhece que achava que nunca seria chamada, visto que a probabilidade para que isso aconteça é pequena.
A expectativa de Joseli era condizente com o cenário de muitos doadores que nunca foram chamados. A compatibilidade é muito complexa (depende de vários fatores genéticos) e o número de doadores é muito maior do que o número de pacientes aguardando um transplante no REREME (Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea), cerca de 850 pessoas. No entanto, a história de Joseli estava destinada a ser diferente!
Apenas 2 dias após atualizar seu cadastro, em julho de 2019, Joseli recebeu uma ligação do REDOME solicitando a realização de exames de histocompatibilidade mais específicos. “Quando eu descobri que era compatível com outra pessoa fiquei muito surpresa, ansiosa, feliz e abençoada ao mesmo tempo”, conta Joseli feliz. “Doar é ato de amor ao próximo e devemos fazê-lo a cada instante, pois podemos fazer a diferença na vida das pessoas. Uma lição que tirei disso tudo foi que Deus nos usa como instrumentos de cura na vida das pessoas e nos conduz para que seu plano seja cumprido”, completa ela.
Em janeiro de 2020, Joseli foi até o Hospital de Base de São José dos Campos, em São Paulo, para a realização de exames (de sangue, raio-x do tórax e eletrocardiograma) que garantissem a segurança da doação. Com os resultados positivos, em 28 de janeiro, Joseli doou sua medula por meio de aférese, método que durou cerca de 6h.
Após 18 meses da realização do transplante, Joseli pode saber para quem tinha ido sua medula. Através desta doação é possível conhecer como funciona a cooperação internacional de registros de doadores. A doação de Joseli salvou a vida de uma adolescente da Argentina, chamada Martina Anahi Gauna. A jovem lutou contra a leucemia durante dois anos com quimioterapias que não surtiram efeito até receber a indicação de TMO. Após a procura global nos bancos, foram encontrados seis possíveis doadores, porém apenas Joseli era 100% compatível, por isso ela foi a escolhida para salvar a vida de Martina.
“Senti uma sensação maravilhosa de conseguir realizar o sonho de cura daquela menina e proporcionar felicidade a uma família inteira. No dia 21 de agosto de 2021 fizemos uma chamada de vídeo onde estávamos eu, minha filha e meu marido e na Argentina a família inteira dela. Entre muitos choros e sorrisos, conseguimos demonstrar a nossa alegria de nos conhecermos e a minha satisfação de ser útil aqui na terra e dar a chance de alguém viver melhor e saudável, pois hoje a Martina está curada da doença” relata Joseli. Após o sucesso da doação, Joseli ressalta que a atualização é essencial, pois “existem muitas vidas que podem estar esperando por você e dependendo desta atualização”.