Em 2015, aos 31 anos, Rodolfo recebeu o diagnóstico de linfoma primário do mediastino — um tipo raro de câncer que atinge a região do tórax. A partir dali, começaria uma grande batalha.
O primeiro sinal de que algo não estava bem surgiu de forma inesperada. Enquanto fazia pequenos reparos em casa, Rodolfo começou a apresentar um inchaço repentino no pescoço e na cabeça. “Achamos que era uma reação alérgica”, conta Natalícia. Depois de algumas idas ao pronto-socorro sem respostas, uma noite de falta de ar levou o casal a buscar ajuda emergencial no Hospital do Mandaqui. Lá, com a ajuda de uma prima de Rodolfo e de um cardiologista plantonista, o caminho para o diagnóstico começou a ser traçado.
Horas de espera, uma tomografia e a confirmação: câncer. “Foi um choque. Eu tinha 26 anos, nunca imaginei viver isso. Na minha cabeça, câncer era doença de rico, algo distante da minha realidade”, conta Natalícia. O tumor, com 10 centímetros, já pressionava a veia cava do coração e colocava a vida de Rodolfo em risco imediato. Mesmo assim, o casal não desistiu. “A médica disse para corrermos para um hospital de referência, que ali ele não teria chance. Fizemos isso.”
Na Santa Casa de São Paulo, a luta por um leito foi vencida com persistência e empatia. A partir dali, começava um tratamento intenso: quimioterapia, radioterapia e muitas intercorrências pelo caminho, como trombose, mucosite e infecções. “Foram muitas lutas, mas o Rodolfo sempre manteve o otimismo. Ele dizia: ‘Não vim ao mundo com essa doença e não será ela que vai me tirar daqui’.”
Dois anos depois, veio a notícia mais esperada: a cura. Rodolfo venceu o câncer, com acompanhamento médico constante e uma nova visão sobre a vida. “Antes do diagnóstico, ele chegou a cogitar tirar a própria vida por dificuldades pessoais. Depois disso, tudo mudou. Ele entendeu o valor da vida.”
Mas os desafios não foram apenas de saúde. A rotina de hospitais fez com que Natalícia perdesse o emprego e a estabilidade financeira da família. Foi aí que ela decidiu transformar suas habilidades culinárias em um novo propósito de vida. Com o incentivo do irmão e o apoio do marido, nasceu a Bella Fit Food — um negócio que começou pequeno, com marmitas feitas em uma garagem, e hoje é uma empresa sólida, com quase 50 colaboradores e milhares de refeições vendidas mensalmente.
“Graças a Deus e a muito trabalho, conquistamos nossa casa própria, nosso galpão, e estamos construindo uma nova fábrica”, conta orgulhosa. Para completar a história de superação, um presente inesperado: mesmo com os médicos dizendo que Rodolfo não poderia mais ter filhos, o casal foi surpreendido anos depois com a chegada de Brayan, hoje com 4 anos.
Durante o tratamento, a AMEO foi parte importante desse processo. “Conhecemos a instituição no hospital. O acolhimento que recebemos foi essencial. As cestas básicas, o leite, as rodas de conversa, tudo aquilo ajudou muito no momento em que estávamos mais vulneráveis”, afirma Natalícia. “Seremos eternamente gratos.”
Hoje, Rodolfo e Natalícia seguem firmes, cuidando da família, expandindo o negócio e levando com eles a certeza de que a vida pode ser surpreendente — mesmo depois da tempestade.