Betina Nogueira foi diagnosticada com leucemia aos 29 anos

Superviventes: Edição Especial Fevereiro Laranja – Ouça Agora!
10 de fevereiro de 2025

Betina Nogueira foi diagnosticada com leucemia aos 29 anos

Betina Nogueira, de 30 anos, nasceu em Matias Barbosa, uma pequena cidade no interior de Minas Gerais. Para se especializar em dermatologia no hospital da USP, Betina se mudou para São Paulo há cinco anos. Sua carreira estava crescendo, e ela vivia a melhor fase de sua vida, conciliando trabalho, estudos, aprendizado e momentos de lazer. Tudo mudou, no entanto, em 29 de julho de 2023, quando foi diagnosticada com Leucemia Mieloide Aguda (LMA).

No início de julho de 2023, Betina foi palestrante em um congresso em Singapura, um marco em sua carreira. Durante o voo de volta, ela sentiu uma leve dor de garganta, algo que julgou ser passageiro. Na semana seguinte, os sintomas evoluíram para febre e dores no corpo, que Betina atribuiu a uma suspeita de dengue. Após se automedicar, percebeu o surgimento de artrite em um dos dedos e decidiu buscar atendimento médico. Um hemograma inicial revelou alterações preocupantes, e uma série de exames confirmaram o diagnóstico de LMA. Rapidamente, ela iniciou o tratamento com quimioterapia.

Apesar do impacto do diagnóstico, Betina não se desesperou. Como médica, confiava plenamente na medicina e, como paciente, em Deus. “Meus pais e minha família, que não são da área da saúde, ficaram muito preocupados. Eu também fiquei com medo, mas sempre mantive os pés no chão”, relata. Internada por 30 dias após o diagnóstico, Betina enfrentou desafios físicos e emocionais. Pegou diversas infecções ao longo do tratamento, mas encontrou apoio em sua família e amigos. “Foi muito difícil ser uma paciente médica, porque o conhecimento pode ser tanto uma bênção quanto um peso. Mesmo assim, sempre procurei enxergar o lado positivo e confiar na equipe que cuidava de mim”, afirma.


O tratamento foi realizado no próprio hospital onde Betina trabalhava, algo que ela considera um privilégio. “Era minha segunda casa. Ter visitas e companhia constante me ajudou muito durante as internações”, conta. Um momento crucial no tratamento foi o transplante de medula óssea, com sua irmã Betânia, 100% compatível, como doadora. “Agradeço à minha irmã todos os dias por esse gesto que salvou minha vida”, diz Betina emocionada. Hoje, com a imunidade em recuperação, Betina está pronta para retomar sua carreira médica. Em fevereiro, ela voltará ao trabalho no hospital, adaptando-se gradualmente à rotina que tanto ama.

Durante o tratamento, Betina conheceu a AMEO (Associação da Medula Óssea do Estado de São Paulo) por meio de sua amiga Renata e das conversas no hospital. Inspirada pela experiência, ela decidiu criar um grupo de pacientes chamado “Butterflies”, onde compartilha vivências e promove apoio mútuo entre pessoas que enfrentam situações semelhantes. Betina também iniciou, com sua amiga Viviane, o podcast “Crônicas de um Crônico”, que já está no ar. O projeto aborda temas relacionados ao tratamento de doenças crônicas, trazendo informação e acolhimento para pacientes e familiares.

Durante os momentos mais difíceis, o livro “Pollyana” foi um companheiro importante para Betina, ajudando-a a manter a esperança. Hoje, ela se dedica a retribuir o apoio que recebeu e a inspirar outras pessoas. “A experiência me transformou e reforçou a importância de valorizar cada momento da vida”, conclui. Betina Nogueira é um exemplo de coragem, resiliência e compromisso com a medicina, seja como profissional ou como paciente. Sua história é um lembrete poderoso de que a esperança e a solidariedade são fundamentais para superar qualquer desafio.