A Central Nacional de Transplantes (CNT) criou, em maio de 2019, uma iniciativa que visa organizar o fluxo de atendimento e a alocação de leitos para pacientes que esperam por um transplante de medula óssea. A luta por encontrar um doador, dentro da família ou no REDOME (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea), é uma etapa desgastante no tratamento de alguém que precisa do TMO. Quando isso finalmente acontece, a alegria de encontrar um doador pode esbarrar na falta de leito nos hospitais públicos para a realização do transplante.
Por isso, o Sistema Nacional de Transplantes, por meio da CNT, criou essa iniciativa de procurar hospitais ou centros de transplantadores com leitos disponíveis que possam servir para pacientes de outros locais fazerem seus transplantes. Em maio de 2019, a CNT mapeou a oferta e a demanda de leitos destinados para a realização de transplantes de medula não-aparentado (com doador que não é da família). A CNT entrou em contato com todos os hospitais e centros que fazem transplante, entre eles públicos, privados ou conveniados (é privado, mas atende parcialmente pelo sistema público). Foi enviado um formulário a 51 centros e 49% deles informaram possuir vagas para o atendimento desses pacientes. Após esse processo foram encontrados mais de 70 leitos, a maioria do SUS (Sistema Único de Saúde), segundo Patrícia Freire.
A partir da etapa inicial, o órgão começou então a colocar a estratégia em atividade e está trabalhando como mediadora do fluxo de recebimento e encaminhamento dos casos para os Centros de Transplante de referência mapeados anteriormente. Desde o início das ações, 63 pacientes obtiveram ajuda para atendimento em centros identificados pela CNT. No entanto, alguns pacientes não transplantaram por falta de comunicação, por estarem com a doença avançada, ou por medo de se deslocar para longe de casa. Esse problema está sendo mapeado pela CNT, que pretende manter contato com médicos e pacientes.
Outra mudança pretendida pelo órgão é ampliar a divulgação para que os especialistas saibam da possibilidade de encaminhar seus pacientes para unidades com leitos disponíveis. Para isso é preciso enviar um formulário de submissão para a CNT com os dados do paciente que pode ser acessado clicando aqui. Após a triagem, segundo a coordenadora, a CNT demora em média uma semana para conseguir a consulta no centro de transplante.
O encaminhamento dos casos aos centros leva em conta os seguintes critérios: a idade do paciente, a experiência do centro transplantador no tratamento de determinada doença, a modalidade de transplante, isto é, se ele será aparentado, haploidêntico ou não-aparentado, a disponibilidade de vagas e a existência de vaga no estado de preferência do paciente. Inicialmente a estratégia foi criada para transplantes não-aparentados com doadores do REDOME, mas de acordo com Patrícia Freire, a CNT já fez a realocação de pacientes a espera de transplante autólogo e aparentado.