Entrevistamos o Dr. Afonso Vigorito, eleito presidente da Sociedade Brasileira de Transplante e Terapia Celular durante o XXIX Congresso da Sociedade, realizado em Brasília em agosto de 2025.
O médico é graduado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), fez residência Médica em Clínica Médica no Hospital de Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Tem título de especialista em Hematologia e Hemoterapia pela Associação Médica Brasileira – AMB e Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia – SBHH e certificado de área de atuação em Transplante de Medula Óssea – AMB e Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia – ABHH. Atualmente é médico supervisor da unidade de transplante de células tronco hematopoiéticas do Hemocentro de Campinas/HC Unicamp. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Hematologia, atuando principalmente em transplante de células tronco hematopoiéticas alogênicos e autólogos. Também é especialista em DECH (Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro). (Fonte: Afonso Celso Vigorito – Biblioteca Virtual da FAPESP)
Durante a entrevista, o Dr. Afonso explica que a informação é crucial para os pacientes e pode ajudá-los a procurarem a ajuda necessária: “Falta muita informação para os pacientes. A gente viu que existe uma carência imensa nesse sentido, de informação e acolhimento. Muitos se sentem sozinhos, sem saber que poderiam ter buscado um especialista e, assim, ter outra condição hoje.”
Quando perguntamos sobre qual seria a melhor estratégia para acompanhar os pacientes que moram muito longe do centro de transplante quando voltam ao seu local de origem, o Dr. Afonso fala que é necessário um projeto que eduque médicos para tratarem pacientes que passam pelo transplante, em especial aqueles que desenvolvem Doença Enxerto Contra Hospedeiro: “O papel da sociedade é educar. Precisamos criar modelos de educação para explicar ao médico hematologista o básico sobre o paciente que vai receber de volta. Talvez até uma cartilha, para orientar o que deve ser observado e acompanhado.”
“Outra grande dificuldade em relação aos dados da DECH é ensinar o médico a registrar corretamente no prontuário. Fizemos um curso temático sobre doença crônica, mostrando erros de classificação e a necessidade de padronizar dados.”
O Dr comentou sobre o impacto da Doença do Enxerto contra o Hospedeiro, que metade dos pacientes vão desenvolver em algum grau e que é importante identificar precocemente: “Sempre comentamos que essa é uma complicação frequente do transplante. Eu costumo dizer que metade dos pacientes vão ter. É uma doença que pode acometer olhos, boca, pele, intestino, fígado, e às vezes deixa sequelas. Mas tem tratamento e é possível identificar precocemente.”
O Dr. Afonso falou um pouco sobre o Congresso SBTMO: “O Congresso da SBTMO melhora a cada ano. Hoje temos mais de mil participantes e um grande número de palestrantes internacionais. Essa troca de experiência é fundamental.”
Ele também mencionou sobre um curso temático sobre DECH que participou durante o congresso :“Particularmente na área da doença do enxerto, tivemos no Congresso um curso temático sobre doença crônica, que mostrou problemas reais de classificação e a necessidade de padronizar dados. Isso foi muito importante para entender onde ainda temos dificuldades.”
E para finalizar, o Dr falou sobre a variedade de médicos que falaram sobre DECH durante o congresso: “Na sessão de doença do enxerto, tivemos a participação de especialistas do Brasil, dos Estados Unidos e do Japão. Foi uma discussão muito boa sobre estratificação de risco e novos tratamentos.”