Na sala de espera da Quimioterapia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo aconteceu, na última terça-feira (23), a segunda palestra para pacientes oncológicos e familiares. O projeto da AMEO, em parceria com o Grupo Fleury e a Santa Casa de São Paulo, realizou mais uma roda de conversa sobre alimentação com a nutricionista Sharon Halaban. Os acompanhantes puderam aprender dicas para cuidar de seus familiares ainda melhor.
O projeto iniciado semana passada, nasceu da edição 2017 do Projeto Dom do Grupo Fleury. A AMEO foi escolhida para ser uma das 10 instituições a participar da capacitação e teve a oportunidade de desenvolver um projeto a partir do conteúdo apresentado. Para o gerente da AMEO, Wagner Fernandes, “a parceria com o Grupo Fleury e a Santa Casa é a oportunidade que faltava para aproveitar os períodos ociosos de pacientes e acompanhantes, durante os procedimentos de quimioterapia para realizar conversas com profissionais de diversas áreas, tirar dúvidas e propor ações que possam amenizar as dificuldades do tratamento”, afirma.
Para a enfermeira Ivani, a presença do acompanhante nesse tipo de palestra é muito importante. “O cuidador precisa ser despertado, muitos deles estão preocupados com coisas externas. Não sabendo ele que é preciso muita atenção foco naquele momento”. A nutricionista Sharon também vê a figura do familiar que acompanha o paciente como essencial na hora do tratamento. “Nos momentos em que o paciente não tem condições de fazer sua refeição, na parte alimentar, de estar com muita náusea, a gente precisa do cuidador”. Ela ainda completa sobre a responsabilidade do acompanhante em se preocupara com o preparo da alimentação. “O cuidador tem que estar muito atento à questão de higienização e do que pode e o que não pode, porque é ele que vai realmente fazer tudo para o paciente que está debilitado”.
Receber um diagnóstico de câncer nunca é fácil, junto com ele vem diversas informações difíceis e que o paciente nunca ouviu falar. Por isso, a informação correta dada em um ambiente menos formal facilita o entendimento. Para a analista de educação e tutora do projeto DOM do Grupo Fleury, Marina Correia, as pessoas que estão passando por uma situação tão delicada têm grande necessidade de conhecimento. “Eu senti que as pessoas ficam bem sensibilizadas por conta do diagnóstico, então assusta bastante e elas acabam recorrendo a medidas que ouvem dos amigos, familiares e acabam até se colocando em risco de infecção”. Marina conta que a partir dessa palestra já pensa no que pode trazer para o futuro do projeto. “Pelo que percebi hoje, acredito que um psicólogo para as próximas palestras seria muito interessante para os pacientes”.
Nessa palestra foi possível notar que a interação das pessoas foi maior. Sharon pode responder diversas dúvidas de pacientes, ainda dar dicas e receitas para aumentar a imunidade que fica frágil em tratamentos tão severos como a quimioterapia. O aumento da interação pode ser atribuído, segundo Sharon, a falta da figura de jaleco branco atrás de uma mesa. “Senti que o paciente não se sentiu inibido para perguntar e tirar suas dúvidas. Então, essa postura de estar junto, de pé, andando entre eles, os deixa muito mais à vontade”, relata Sharon. “É uma grande oportunidade para dividir com eles aquilo que a gente acha importante!”, completa feliz.
A enfermeira da Central de Quimioterapia da Santa Casa, Kezia Badega, também enxerga as palestras como uma grande oportunidade de os pacientes interagirem com profissionais de saúde de outra perspectiva. “Esse tipo de atividade faz com que o paciente se sinta mais seguro, acolhido, tira as dúvidas, tem oportunidade de interagir com outros pacientes, conhecer as dificuldades que teve e as soluções que foram dadas”, conta a enfermeira.
Texto: Andressa Villagra