Transplante Haploidêntico é alternativa para pacientes que não encontram doador compatível

Regulamentação do transplante de Medula Óssea no Brasil ao longo das décadas
24 de setembro de 2015
Auditoria da AMEO
27 de janeiro de 2016

Transplante Haploidêntico é alternativa para pacientes que não encontram doador compatível

Segundo médicos transplantadores o transplante haploidêntico é uma tendência

haplo

Quando acabaram os ciclos de quimioterapia e radioterapia Luiz Henrique aguardou pelo tão esperado transplante de medula óssea. Em princípio tinha dois doadores compatíveis, sendo que um deles não foi localizado (daí a importância de manter os dados atualizados). O outro desistiu já perto de fazer o transplante, causando uma grande decepção. “Dá um baque né? Nossa eu fiquei tão feliz quando me disseram que eu tinha um doador compatível, ele (o médico) tinha ficado feliz também, até tinha me encaminhado para o Hospital, cheguei a fazer uns exames, mas quando foi na hora mesmo (de transplantar) ele desistiu”.

Conforme o tempo foi passando, o médico optou por fazer um transplante haploidêntico da mãe. No começo ele não queria, pois tinha medo, já que a compatibilidade entre eles era de 50%. Depois de mais de um mês pensando a respeito, Henrique optou por fazer o transplante. Para ele o procedimento não foi tão complicado como imaginava.

“Lógico que tem as complicações, eu não tive tantas, mas não é nada disso, não é esse bicho de sete cabeças que o povo pensa: ah a chance de morrer é maior. Mas aí é só ter força, só ter fé, porque não é nada diferente dos outros transplantes, é igual” Completa Henrique de maneira animada.

Para a Dra. Adriana Seber, oncologista com mais de 20 anos de experiência em transplante de medula óssea, o que permite o sucesso desse procedimento, são os remédios usados para que medula óssea do doador não ataque o paciente em virtude da baixa compatibilidade.

haplo2

Nos primeiros transplantes haploidenticos, a medula óssea era colhida do doador e levada para um laboratório aonde retirava um tipo de célula chamada linfócito, pois eles que poderiam atacar o corpo do paciente, reconhecendo-o como estranho. Este processo caro e demorado levava a um outro problema: o paciente ficava sem as células boas para defendê-lo contra as infecções, até mesmo as mais simples como catapora e gripe.

A novidade, que barateou e melhorou muito os resultados desse tipo de transplante, é dar para o paciente a medula do jeito que ela é colhida e deixar que ela reconheça o paciente como estranho e, três dias depois dar na veia um medicamento chamado Ciclofosfamida, um quimioterápico que age principalmente sobre as células que estão se multiplicando “Quando eu ponho a medula no paciente e deixo ela reconhecer o organismo dele, as únicas células que estão se multiplicando serão as que estão reconhecendo o corpo do paciente como estranho, e essas é que serão mortas com a Ciclofosfamida. É igualmente eficaz quando comparado aos procedimentos caríssimos que eram feitos no laboratório, mas muito mais simples e econômico” Completa.

Segundo a Dra. Adriana essa é uma tendência na área de transplantes ao redor do mundo. “Os maiores centros de transplante, o registro europeu e o registro americano, compararam centenas de pacientes que fizeram transplantes com doadores irmãos compatíveis, doadores não aparentados de registros de medula óssea, sangue de cordão umbilical e doadores haploidênticos, e os resultados finais são iguais! Isso tem aparecido em várias publicações médicas”.

A popularização do transplante haploidêntico (quando há condições clínicas favoráveis e indicação médica) pode ajudar a resolver a questão de pacientes que não tem doador compatível e não tem tempo para esperar até encontrar um doador com compatibilidade. “A possibilidade de usar qualquer parente que seja 50% compatível revolucionou na área dos transplantes, porque hoje praticamente todo mundo tem um doador, pode ser o pai, a mãe, um irmão, até um primo. Só não tem doador haploidêntico não tem a família” conclui Dra. Adriana.

haplo3

Para Luzia Almeida de Oliveira, mãe de Luís Henrique, a experiência de doar medula óssea para salvar a vida do filho foi indescritível. “Meu coração disparou (quando soube que poderia doar) foi uma sensação muito boa, sabe? Eu já dei a vida para ele, foi como dar a vida pela segunda vez”. E assim que vagou um leito fizeram o transplante.

Sobre o processo de coleta da medula óssea: “tomei vacina para aumentar a produção de células tronco durante cinco dias, você não sente dor nenhuma. É uma agulha pequeninha subcutânea. Quando fui colher (as células do sangue periférico) fiquei quatro horas deitada na maca de barriga para cima. Num braço vão coletando, separando as células e no outro vão voltando as células para o seu corpo. Não senti nada, desconforto nenhum”. Tomou tanto gosto pela doação que agora quer se cadastrar como doadora voluntária de medula óssea para poder ajudar a quem precisar.

Nesse momento Luis Henrique só pensa no futuro e na sua total recuperação. “A gente chora? lógico que chora! a gente é humano! não agüentamos tanta coisa, mas a gente levanta, anda e vai, minha recuperação está 100% e eu estou aqui hoje”.

Por: Kamila Gleice

Clique aqui e contribua!