A ONG Beaba lançou em novembro de 2016 um aplicativo de jogos voltado para a conscientização e conhecimento sobre câncer. O aplicativo traz vários mini games relacionados ao tratamento e à doença. Já está disponível para Android e iOS gratuitamente e quem baixá-lo aprenderá sobre temas como quimioterapia, imunidade, cansaço, cabelo, enjoo, cateter, acesso, bomba de infusão e muito mais.
O aplicativo é uma forma divertida e alegre de desmitificar os termos e o tratamento do câncer. É um momento descontraído de aprendizagem que se torna um toque de otimismo num momento de tanta tensão e incompreensão. O intuito do aplicativo é tornar o entendimento fácil para crianças e familiares, segundo Simone Lehwess Mozzilli, 39 anos, criadora do Beaba. “A gente tentou trazer o conhecimento de forma bem tranquila, nada fantasioso, tudo o que a gente fez foi o que realmente acontece e como são feitos os procedimentos”, completa Simone.
Segundo ela é muito importante discutir sobre o câncer, pois há muitas informações sobre a doença assustadoras e diferentes da realidade do paciente. “Se você pesquisar no Google (sobre câncer), você vai entrar em sites de hospital e de ONGs e é muito maior a quantidade de matérias frias e distantes do paciente do que de materiais divertidos, bonitinhos e interativos.”
O público-alvo do aplicativo inicialmente era as crianças, no entanto, muitos adolescentes e até adultos entraram na brincadeira. “Tem uns pais e vários médicos de hospitais que ficam jogando e me mandam mensagem ‘Eu não consigo passar da fase do xixi’”, relata Simone com alegria. O sucesso é atribuído à interatividade e importância dos games. Ao abrir o aplicativo, é possível customizar o seu avatar com nome e acessórios como roupa de hospital, máscara ou cateter. Em seguida, o jogo começa passando pelo caminho do tratamento, onde cada fase é representada por uma letra e explica um termo por meio do game.
O aplicativo já obteve mais de quatro milhões de visualizações nas lojas virtuais de aplicativos. Mas para Simone o resultado mais gratificante é ver o retorno dos pacientes diariamente. “Eu recebo vídeo, mensagem, foto de paciente jogando. Tem muito pais que mandam mensagem agradecendo que está sendo mais fácil explicar para o filho”, conta.
O Beaba já havia lançado um guia para pacientes sobre câncer em formato de cartilha e todo o conteúdo dele foi usado para compor os games. Simone conta que todo o processo foi trabalhoso. “Começamos pelo storyboard e roteiros, depois fizemos os personagens, aprovamos a mecânica do game, fazendo as artes, programando, aprovando com os médicos e com os profissionais da saúde, testando com os pacientes”. Ela conta ainda que muitos jogos foram refeitos e muita coisa foi mudada. “Queríamos que tudo estivesse certinho em todos os lados, desde o designer até a medicina”.
A equipe que participou do projeto foi integrada por vários profissionais: enfermeiros, auxiliar, médico, técnico, nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, pedagogo, pessoal da limpeza, segurança, as crianças, os pais e os ex-pacientes. “Foi um projeto que teve uma interdisciplinaridade bem grande. E foi legal porque um monte de gente aprendeu sobre a área das outras pessoas” relata Simone.
Simone informa que já tem algumas coisas prontas para implementar no app, mas que falta investimento para isso tornar-se realidade. “A gente não tem o mais importante: o dinheiro. Porque até agora fizemos tudo com doação.”
Se você quiser conhecer um pouco mais sobre o Beaba clique aqui.
Texto: Andressa Villagra