O clima festivo já pairava sobre os ambientes da AMEO durante meses. A primeira reunião sobre a festa tinha sido há quase dois meses e meio. A preparação para a festa englobou todos os funcionários e diversos colaboradores e voluntários. Esboço da disposição de mesas. Contagem de cadeiras necessárias. Centenas de e-mails disparados. Lista de itens a arrecadar. E muita disposição para preparar tudo para o dia 30 de julho.
Durante a espera pela festa as arrecadações foram chegando. Cobertores, colchas, eletroportáteis, utensílios de cozinha. Refrigerantes, água, vinho, cerveja, cachaça. Dominó, pega-vareta, quebra-cabeça, bichinhos de pelúcia, jogos de tabuleiro, bonecas, carrinhos. A apreensão rondou a equipe até os últimos momentos, todas as prendas foram doadas até o dia da festa.
A decoração foi feita pelas mãos das funcionárias de humanas. As cores verde e laranja pintavam todos os ornamentos e penduricalhos espelhados pelo escritório da AMEO. O tema da festa era o Programa de Nota Fiscal, portanto também não faltaram notinhas enfeitando tudo que era possível. Laços, fitas, cordões, barbantes e mãos habilidosas entrelaçavam-se entre si para compor todas as lembrancinhas que seriam distribuídas para os colaboradores.
Na sexta-feira à tarde a ansiedade e o anseio se mesclavam. Enquanto os funcionários se despediam, desejos de “bom descanso” era o que mais se ouvia. Já prevíamos que o dia seguinte seria “hard core”.
O tão esperado dia finalmente havia chegado. E veio preguiçoso. Todos viram o sol chegar de mansinho, para depois se colocar imponente lá no alto e esquentar o dia. Apenas a presença dos raios de luz já iluminou o humor. Nos outros anos o céu nebuloso e a chuva haviam marcado presença.
Antes das 8h, o cinza do estacionamento foi sarapintado de mesas brancas que formariam a estrutura das barracas. Lá pelas 9h as pilhas de sacolas e caixas já percorriam pesadamente a jornada até o caminhão para depois o destino final: o local da festa. Paulatinamente os responsáveis por cada barraca corria atrás de seus pertences.
“Cadê a caixa do crepe?”
“Alguém me empresta um pedaço de barbante?”
“Pendura mais alto!”
“Você viu minha tesoura?”
“Já foram buscar o gelo?”
“Me traz uma toalha!”
E assim foi até o início da festa. Ao meio-dia, com sol a pino, os primeiros convidados chegavam. Uns, convidados de festas anteriores, adentravam o lugar costumeiro procurando por rostos conhecidos, abriam logo um sorriso quando encontravam. Outros, com o olhar desconfiado, entravam devagar procurando um bom motivo para ficarem e curtirem, logo achavam: ou o cheiro gostoso de comida ou o clima descontraído e amigável.
Pouco mais de uma hora de festa e o local já estava repleto de pessoas. O ritmo intenso já tinha tomado conta das 9 barracas. A típica chita coloria as mesas, o verde e laranja também não faltaram nas toalhas. A barraca da AMEO era a mais enfeitada. Fotos de pacientes, letras de MDF, bandeirinhas de nota fiscal, lembrancinhas. Camisetas da AMEO, chaveiros, pulseiras eram vendidas no local.
O cheiro de linguiça frita e carne assada disputavam para ser o mais forte. O famoso pão com linguiça formava filas de espera. O calor não impediu as pessoas de desfrutarem do vinho quente e quentão, que não podiam faltar em uma festa junina. Para quem estava com mais calor, os escolhidos eram mesmo a cerveja ou refrigerante, que eram entregues gotejantes por fora de tão geladinhos.
Para os fãs de doce, a barraca de doce da Amicorp fez bonito. Paçoca, pé de moleque, doce de abóbora, doce de batata, maçã do amor de chocolate, brigadeiro, quindim, deliciosos bolos de laranja e milho. O crepe também fez sucesso, sempre tinha alguém pedindo. A rapidez do chef não deixava ninguém esperando por muito tempo. O crepe doce saiu rapidinho e as pedidas salgados eram uma ótima opção mais saudável. Os diversos sabores dos salgados doados por uma voluntária deixavam os compradores em dúvida sobre qual seria o mais apetitoso. No final, saíram todos.
Garrafas decorativas serviram de agradecimento a todos que participaram de alguma forma com a organização da festa. Representantes da AMEO junto de pacientes entregaram as lembrancinhas sem esquecer-se de ninguém. Quem não pode estar na festa recebeu depois.
A todo momento se escutava o grito da torcida pelos que disputavam os jogos. Todos queriam participar das divertidas brincadeiras e ninguém ficava sem os berros de apoio. Havia pescaria e argolas, mas o que mais instigava o espírito competitivo era o tomba-latas. No final todos que jogavam recebiam uma prenda, mesmo os que perdiam.
Quem preferia um jogo mais tradicional, aguardava pelo bingo. Durante as cinco rodadas a voz do locutor ditava o ritmo. A alegria de quem ganhava ficava explícita no grito do fundo do âmago: “BINGOOOO!!!”. A festa estava tão animada que não houve tempo para “bingar” todos os prêmios.
A festa teve de tudo! Até “Parabéns pra você” para uma convidada que estava de aniversário. A quadrilha também não faltou: teve noiva, noivo, padre, casório, bagunça, risadas e muito diversão. No final, a rifa da TV foi aberta. E o nome Dolores sorteado. Mas quem ficou feliz mesmo foi a Márcia que ganhou por escolher Dolores. A música ao vivo embalou os momentos finais da festa. Não teve sertanejo, mas a MPB substitui muito bem. As mais cantadas foram as da trupe de Legião Urbana.
Tanta coisa aconteceu que o pessoal nem percebeu que o sol se punha e às 18h já tinha se aproximado. Foi necessário o locutor agradecer a todos e se despedir para que os convidados percebessem que as horas de festa tinham se esvaído.
No final, a mesma rotina agitada de cedo fez os organizadores da festa se mexerem, só que dessa vez de forma mais lenta, pois os muitos pés e pernas já estavam demasiado cansados. As coisas regressaram para o escritório e lá ficam até a próxima festa. As comidas que sobraram foram doadas para a Casa de Apoio.
Os números, ah os números, são sempre necessários. Foram arrecadados $6.745,55 reais no total bruto, tirando os gastos, foram arrecadados $5.534,22 reais no total líquido. Mas o resultado que mais nos importa é outro. É a interação com outros colaboradores e funcionários que não vemos todos os dias, é a reunião com amigos queridos que já não trabalham mais na AMEO, é o encontro com pessoas que lutam pela mesma causa, é a diversão que proporcionamos para os pacientes e outros convidados, é ver que tudo que fazemos com amor e carinho é sempre retribuído com resultados lindos e grandiosos. É por isso que continuamos… e ano que vem tem mais! Até a próxima!
Texto e fotos: Andressa Villagra