Texto: Andressa Villagra
De janeiro a dezembro de 2016 o Hemocentro da Santa Casa de São Paulo recebeu 351 pedidos de confirmatórios de segunda e terceira fase. Dessas, 209 foram atendidos e 139 cancelados. O número de cancelamentos representa 40% das solicitações do REDOME. Segundo um levantamento da Santa Casa, o motivo que mais alimenta essa porcentagem é a recusa do doador em comparecer com 29%. Outra justificativa é o doador não ser encontrado que vem logo em seguida com 28%.
São cancelados também doadores cadastrados em outros locais e redirecionados para o hemocentro de origem. O restante dos pedidos cancelados se dá por óbito, mudança de endereço, descadastramento, indisponibilidade, entre outros.
Em fevereiro de 2016 foi o mês no qual mais pessoas desistiram de realizar os exames confirmatórios, foram no total 51%, ou seja, mais da metade dos que foram convocados não compareceram. Já o mês de setembro do mesmo ano foi o que mais pessoas atenderam ao chamado do Hemocentro, com 75% das solicitações atendidas.
O cancelamento pela desistência do doador é causado pelo cadastro sem responsabilidade. De acordo com Evelyn Guerra, biomédica do Laboratório de HLA do Hemocentro da Santa Casa, alguns doadores se cadastram sem saber a grande responsabilidade com que estão arcando a partir daquele ato. “Algumas pessoas se cadastram na euforia do momento. Sem responsabilidade. Quando precisamos dessa pessoa, muitas vezes ela desiste”, ressalta ela.
Segundo a responsável pela convocação de doadores para exame confirmatório do Hemocentro da Santa Casa e pelo relatório que essa matéria se baseou, Josi Albuquerque, a segunda causa de cancelamentos poderia ser facilmente solucionada com a atualização de cadastro. “Tentamos o contato de diversas maneiras: por telefone, e-mail, qualquer dado que existir, até mesmo buscar no Google. Mas se os dados estivessem atualizados o contato seria rápido e eficaz” explica.
Para o gerente da AMEO, Wagner Fernandes, perder um doador já cadastrado é um obstáculo para o transplante de medula óssea no país. Ele ressalta dois aspectos que se perdem com a desistência. “O primeiro é a esperança do paciente e da família que ficou sabendo da possibilidade de ter um doador compatível e depois descobre que essa pessoa desistiu”, aponta ele.
Ele explica ainda que a segunda perda é com o desperdício de recurso público da saúde gasto para cadastrar novas pessoas no banco, pois o Ministério da Saúde custeia a coleta da amostra de sangue, o exame de HLA, a inserção de novas informações no banco nacional, entre outros. “Se o cadastro é feito pensando em não doar ou em doar para uma pessoa específica, e depois esse doador não comparece isso é um grande problema” conclui.